Efeitos pós covid se manifestam no corpo e na mente


Por Mayra Dias

Estudo revela que sequelas pós doença são comuns e afetam a saúde física e mental

Foto: Miguel Schincariol / AFP

“Às vezes eu tenho um pouco de dificuldade para respirar, e ainda sinto dor no pulmão”, compartilha a empreendedora Nathália Dias. Relatos como o dela, vindo de pacientes que já tiveram Covid-19, infelizmente, são comuns, e muitas pessoas sofrem, meses depois, com sequelas deixadas pelo vírus. “Como resultado da inflamação dos pulmões e do suporte respiratório invasivo, eles podem permanecer com a capacidade respiratória limitada, o que dificulta a absorção e transferência do oxigênio para a corrente sanguínea”, explica a Referência Técnica Distrital (RTD) de Fisioterapia, Raquel Andrade. “É o que causa cansaço, fadiga, limitação funcional e levam ao prejuízo da qualidade de vida”, completou.
Tal cenário pôde ser comprovado por um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais. A pesquisa, constatou que, meses depois da alta, até 51% dos recuperados relataram algumas sequelas. Os 24 estudos científicos revisados pela equipe da UFVJM para chegar a tais resultados, consideravam, além dos aspectos físicos, aspectos sociais e mentais dos pacientes acometidos pela doença. De acordo com os profissionais, a maior taxa referente à piora na qualidade de vida foi identificada entre mulheres e idosos.Quase um ano após ter se recuperado, Nathália, que mora em Sobradinho, diz que, em seu ciclo social, ela não foi a única a ficar com os resquícios da doença. “Conheço várias pessoas que tiveram sequelas pós Covid, como asma e problemas pulmonares”, diz. De acordo com o fisioterapeuta Vinícius Maldaner, do Ambulatório de Saúde Funcional do Hran, a identificação precoce dos pacientes acometidos pela Covid-19 que necessitam de acompanhamento especializado e reabilitação pulmonar é fundamental para o correto encaminhamento e elaboração do plano terapêutico. “Após passar por avaliação com o médico pneumologista, os pacientes que apresentarem sequelas pulmonares devem ser encaminhados para a reabilitação pulmonar conforme nota técnica elaborada pela referência técnica de fisioterapia”, explicou.LogoSaúdeEfeitos pós covid se manifestam no corpo e na menteEstudo revela que sequelas pós doença são comuns e afetam a saúde física e mental
“Às vezes eu tenho um pouco de dificuldade para respirar, e ainda sinto dor no pulmão”, compartilha a empreendedora Nathália Dias. Relatos como o dela, vindo de pacientes que já tiveram Covid-19, infelizmente, são comuns, e muitas pessoas sofrem, meses depois, com sequelas deixadas pelo vírus. “Como resultado da inflamação dos pulmões e do suporte respiratório invasivo, eles podem permanecer com a capacidade respiratória limitada, o que dificulta a absorção e transferência do oxigênio para a corrente sanguínea”, explica a Referência Técnica Distrital (RTD) de Fisioterapia, Raquel Andrade. “É o que causa cansaço, fadiga, limitação funcional e levam ao prejuízo da qualidade de vida”, completou.
Tal cenário pôde ser comprovado por um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais. A pesquisa, constatou que, meses depois da alta, até 51% dos recuperados relataram algumas sequelas. Os 24 estudos científicos revisados pela equipe da UFVJM para chegar a tais resultados, consideravam, além dos aspectos físicos, aspectos sociais e mentais dos pacientes acometidos pela doença. De acordo com os profissionais, a maior taxa referente à piora na qualidade de vida foi identificada entre mulheres e idosos.
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Ainda de acordo com o material coletado pelos estudiosos, os sintomas postergados pós-internação ultrapassam os 30 dias após a alta, e ainda não é possível explicar, com certeza, os motivos por trás da diferença entre os dados referentes aos homens e as mulheres. Como ressalta o Dr. Cesar Carranza, infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, outra queixa muito comum dos pacientes são as sequelas neurológicas. “Muitas pessoas se queixam de problemas de memória (esquecimento), tonturas e dores de cabeça”, exemplificou.
Quanto à reversão desses quadros, o médico relembra que, apesar do mundo conviver com a pandemia há mais de dois anos, a Covid ainda é uma doença nova, e ainda é cedo para dizer se as sequelas devem ser permanentes ou não. “O que tem sido observado é que a maioria das pessoas se recupera das sequelas mais leves, como perda da memória ou da fadiga crônica”, declarou. “Acredito que aquelas mais leves devem ser temporárias no sentido de limitar-se a alguns meses. E as mais graves, principalmente aquelas associadas aos quadros mais severos, provavelmente sejam mais duradouras ou talvez permanentes”, acrescenta Cesar.

Efeitos mentais

Além dos problemas físicos, o estudo observou também que a qualidade de vida é deteriorada também em aspectos mentais. Enquanto no corpo, predominam as dores por causas como dor articular, torácica, na região da cabeça e mialgia generalizada, os aspectos mentais identificados são ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e medo da reinfecção.
Uma das brasilienses que sentiu os efeitos físicos e mentais da contaminação após recuperada, é a enfermeira Gabriela Oliveira, de 29 anos. A moradora de Planaltina DF, que já passou pela Covid duas vezes, conta que, desde a primeira contração, desenvolveu um medo ‘fora do normal’ de lugares muito cheios, superfícies de locais públicos, etc. “As vezes me sinto paranóica mesmo. Fiquei com um medo tremendo e até exagerado de me infectar. Não tiro a máscara por nada, evito lugares muito cheios e estou, a todo tempo, higienizando meus pertences e minha mão”, diz. Tal comportamento, assim como o medo de ficar sozinha em casa, ou problemas de socialização, são, segundo o estudo, comuns, e se fizeram presentes na vida de muitos recuperados desde então. Gabriela, por exemplo, ficou tanto tempo isolada dentro da própria casa, que diz, inclusive, ter se excluído por mais tempo que o necessário, com medo de transmitir algo para os pais. “Meu maior medo era passar algo pra eles. E hoje, esse medo ainda é tanto, que qualquer espirro que dou, me isolo, e não saio do quarto nem para comer”, comenta a enfermeira.

O que pode ajudar?

Conforme destacam alguns profissionais, além dos procedimentos clínicos como a fisioterapia pulmonar, há outras ferramentas que podem contribuir para amenizar, ou reverter esses efeitos, seja no corpo ou na mente. As atividades físicas, desta forma, são um exemplo. Os exercícios são fundamentais para a melhora da força muscular, equilíbrio, coordenação motora e imunidade, além de serem responsáveis pela produção de hormônios que fazem muito bem para a mente.
Certamente, não é fácil retomar a prática de atividades físicas depois de muito tempo parado e, principalmente, pós Covid-19. Como salienta Carlos Botelho, coordenador das unidades Lago Sul e Sudoeste, da Bodytech Brasília, é necessário, antes de retomar ou iniciar uma dessas atividades, fazer uma avaliação médica, e, dependendo do quadro, o programa de exercício físico deve ser adaptado. “Independente de tudo, o retorno sempre deve ser de forma gradual. Após ter superado o coronavírus, a recomendação geral da Organização Mundial da Saúde é de pelo menos 150 minutos de exercícios aeróbicos leves a moderado por semana, além de duas sessões semanais de treinamento de força, como a musculação”, explica.
Seguindo a mesma linha de pensamento, Thais Yeleni, profissional de educação física, empresária e presidente do Sindicato das Academias do Distrito Federal (Sindac-DF), reforça que a atividade física é fundamental para o paciente pós-covid e, pontua ainda, que há estudos que mostram que o Coronavírus traz desdobramentos na saúde até um ano após o seu contágio. “Então, a pessoa que se mantém ativa, com uma boa alimentação, atividade física regular de média a baixa intensidade, e um bom sono, tende a diminuir em até 60% os efeitos do pós-covid”, acrescenta.A profissional enfatiza também que o exercício pode ajudar na prevenção do contágio da doença. “É mais difícil o contágio para quem tem a imunidade alta, e, caso venha contrair a doença, os desdobramentos são significativamente menores. Estudos científicos comprovam que há 34% menos chances de internações em pessoas fisicamente ativas”, aponta Thais.
Essa é a estratégia que está sendo utilizada por Gabi. Desde que se recuperou da segundo infecção, a moça afirma que está se mantendo bem, emocionalmente, devido a prática de exercícios semanais. “Procuro, todos os dias, fazer algo, nem que seja sair para correr ou caminhar. Faço academia e, nos dias que não consigo ir, tento sair para dar uma volta com meus cachorros. Me ajuda, me faz bem, sinto que minha mente relaxa”, finaliza.
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