Por Mauricio Leiro
Luciano Bivar e ACM Neto
A pré-candidatura de Luciano Bivar à presidência da República pelo União Brasil tem o aval do grupo do partido ligado ao secretário-geral da legenda, ACM Neto. O núcleo originalmente do Democratas, inclusive, estaria incentivando a manutenção do nome de Bivar no pleito como um esforço para blindar a candidatura do ex-prefeito de Salvador ao governo da Bahia, considerada uma das prioridades dessa parcela da legenda.
Até o final de abril, o União Brasil seguia em diálogo com PSDB, MDB e Cidadania para a construção de uma candidatura única da autoproclamada terceira via. No entanto, após diversas rodadas de conversas, Bivar anunciou o abandono das conversas e confirmou o próprio nome, com aval de integrantes da bancada do partido, para disputar o Palácio do Planalto.
A decisão de uma candidatura própria do União Brasil impediria que ACM Neto fosse “jogado” no colo do projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), algo que o ex-prefeito tem rechaçado desde os primeiros momentos da pré-campanha. Os adversários insistem que “colar” a imagem dele ao presidente, ainda que o deputado federal e ex-ministro da Cidadania, João Roma (PL), seja apresentado reiteradas vezes como o nome de Bolsonaro na disputa pelo governo baiano.
Para interlocutores de ACM Neto, o cenário com a candidatura de Bivar não atrapalharia os planos dele em manter o distanciamento da polarização nacional entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro, ao tempo em que justificaria eventuais ataques ao tangenciar com a ideia de uma candidatura solo do próprio partido.
TERCEIRA VIA
A saída do União Brasil da autoproclamada terceira via praticamente sepultou a competitividade do grupo. Com a maior parcela do bolo do fundo eleitoral, a sigla era considerada crucial para viabilizar o processo. Segundo atores políticos ouvidos pelo Bahia Notícias, o veto - e o próprio distanciamento - de Ciro Gomes (PDT) das conversas acabou acelerando o derretimento do projeto.
O pedetista é, até aqui, o nome de fora da polarização que melhor pontua nas pesquisas de opinião. Todavia, não houve uma participação efetiva do ex-governador do Ceará e do PDT nas negociações, que seguiram centradas nos nomes de João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB), somada a articulação de Sérgio Moro, que chegou a flertar com o grupo enquanto filiado ao Podemos e viu esvair as chances de uma candidatura à presidência depois de se filiar ao União Brasil.