É grande a possibilidade do governador Rui Costa (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrarem no dia 31 de maio, data de abertura do evento agropecuário Bahia Farm Show, que será realizado em Luís Eduardo Magalhães. Apesar da chance do potencial encontro acontecer, o mais provável é que os líderes visitem a feira em turnos diferentes, justamente para não dividirem o mesmo espaço.
O evento é visto como uma possibilidade do petista estreitar a relação com o setor do agronegócio e tentar garantir apoio ao pré-candidato ao Palácio de Ondina, Jerônimo Rodrigues. Nos últimos dias, Rui tem visitado com mais frequência o oeste do estado, sempre com seu ex-secretário de Educação a tiracolo. A região é vista como de fundamental importância para o governo nas eleições de outubro, já que por lá a maioria das prefeituras é administrada por quadros da oposição.
Procurada pelo Bahia Notícias, a assessoria de comunicação do governo não confirmou a participação de Rui, mas fontes palacianas informaram que o chefe do Executivo baiano está bastante animado em marcar presença nesta que é considerada a maior vitrine do agronegócio do Norte e Nordeste do Brasil.
Por outro lado, Bolsonaro busca reforçar tanto a sua imagem quanto a do seu candidato ao Governo do Estado, João Roma (PL), junto ao agro. Assim como o extremo-sul, o oeste é onde o bolsonarismo destoa do restante do estado e tem a preferência do eleitorado local. A visita do presidente ao evento não está confirmada oficialmente, mas segundo informou uma fonte ao BN, a chance de acontecer é de 99%.
Bolsonaro esteve recentemente na Bahia. No dia 22 de abril, data que lembra a chegada dos portugueses ao Brasil, ele esteve em Porto Seguro. Na ocasião, ele foi saudado pelo prefeito Jânio Natal (PL), que fez um discurso efusivo contra o Supremo Tribunal Federal (lembre aqui). Porém a recepção na cidade não contou apenas com as felicitações da gestão municipal. Um grupo de indígenas da etnia Pataxó protestou contra o governo. Uma confusão também foi registrada entre os manifestantes e um agente da Polícia Rodoviária Federal, que chegou a sacar uma arma contra os indígenas (veja aqui).
EMBATES
Que nem água e óleo. Assim pode ser descrita a relação nada harmoniosa de Rui e Bolsonaro. Não foram poucas às vezes em que os dois trocaram farpas ao longo dos últimos anos.
O baiano reiteradamente coloca em xeque a capacidade do presidente em governar. “Eu não esperava ver gente tão ruim e desumana sentada na cadeira do presidente. Não tem nada com filiação, tem com humanidade. Cito tantos impropérios, idiotices que o presidente já falou. É um cara desumano, cruel. É um cara covarde com as pessoas que mais precisam. Eu fico perplexo", disse o gestor durante entrega de uma maternidade em Seabra, no mês de março (veja mais).
Já Bolsonaro se utiliza de situações isoladas para atacar o petista. O caso mais recente aconteceu após a Polícia Federal deflagrar operação para investigar a contratação de uma empresa pelo Consórcio Nordeste para aquisição de 300 respiradores pulmonares. Em uma de suas lives às quintas-feiras, Bolsonaro citou Rui e o acusou de envolvimento em possíveis irregularidades na compra dos equipamentos.
"Agora, o pessoal do Consórcio Nordeste joga de um para outro. Chega um contrato em inglês, chinês, mandarim, hebráico, ele [Rui Costa] vai assinar. Depois deu M, ele diz que não manja a língua, tudo resolvido. Agora, o amigo dele, o Flávio Dino culpa o Rui Costa, ele não sabe de nada. Faz parte do Consórcio, não recebeu nada, está tudo bem. Polícia Federal fez operação, pouca matéria. Comigo é suspeita de corrupção, não comprei a vacina Covaxin, não gastei um centavo, eu sou o corrupção. A imprensa bateu, deram espaço para os sete patetas na CPI no Senado", disse Bolsonaro (veja mais aqui).
E NETO?
De olho também na possibilidade de angariar alianças, uma outra figura protagonista da política baiana também deve marcar presença. O pré-candidato ao governo, ACM Neto (UB), não deve deixar passar a oportunidade de fechar acordos com vistas no próximo pleito. Afinal, boa parte do PIB da Bahia estará no local.
O que pode facilitar a inserção do ex-prefeito de Salvador no meio dos empresários do agro é o atual vice-governador João Leão (PP). Apesar de ter cedido a vaga na disputa ao Senado para o seu filho Cacá Leão (PP), o cacique deve fazer o meio-campo entre Neto e os investidores do agronegócio, já que ele é figura carimbada no setor.
Procurada pela reportagem, a assessoria informou que ele deve participar do evento no dia 2, mas ainda aguarda confirmação.