REUTERS - AFPSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Coreia do Norte disparou oito mísseis balísticos de curto alcance em direção ao mar de sua costa leste neste domingo (5). O exercício, que durou 30 minutos, foi realizado um dia após a Coreia do Sul e os Estados Unidos promoverem manobras militares conjuntas com porta-aviões americanos e provocou reações internacionais.
Acredita-se que este represente o maior número de mísseis balísticos lançados por Pyongyang ao mesmo tempo, afirmou à agência Reuters o especialista Michael Duitsman, do Centro James Martin para Estudos de Não-Proliferação (CNS, a sigla em inglês), baseado nos EUA.
Desde o início do ano, o regime liderado por Kim Jong-un realizou 18 testes de armas envolvendo dezenas de mísseis -mais testes do que a somatória dos realizados nos dois anos anteriores. Os lançamentos deste domingo foram feitos da região de Sunan, na capital, e de outros três locais, de acordo com informações dos militares sul-coreanos.
Seul convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional e disse que o presidente Yoon Suk-yeol, que assumiu o cargo no mês passado, reforçou publicamente o aumento da colaboração com Washington na área de defesa. O teste deste fim de semana é o terceiro desde que ele foi empossado, no último dia 10.
No sábado (4), numa parceria sul-coreana e americana, foram concluídos exercícios em grande escala de três dias com o porta-aviões Ronald Reagan, de 100 mil toneladas e movido a energia nuclear. A manobra foi a primeira conjunta entre os dois países desde que Yoon chegou ao cargo e a primeira com um porta-aviões desde 2017.
Em um comunicado, o Estado-Maior da Coreia do Sul disse que o exercício "cimentou a determinação de ambos os países de responder com severidade a qualquer provocação norte-coreana, ao mesmo tempo em que demonstrou o compromisso dos EUA na região".
O presidente americano, Joe Biden, que realizou sua primeira viagem à Ásia como líder dos EUA no mês passado, disse durante uma entrevista coletiva com seu homólogo sul-coreano que Washington implantaria ativos estratégicos, se necessário, para deter a Coreia do Norte.
O Japão também reagiu ao lançamento. O ministro da Defesa Nobuo Kishi descreveu o exercício norte-coreano como uma frequência sem precedentes. "Podemos dizer que o grande número de lançamentos, de pelo menos três lugares em um curto período como este, é incomum", disse ele. "Este é um ato que não pode ser tolerado", seguiu.
O Comando Indo-Pacífico dos EUA, voltado para a região situada entre a costa do oceano Pacífico e a do Índico, afirmou em comunicado que os múltiplos lançamentos reforçam o "esforço desestabilizador do programa de armas ilícitas da Coreia do Norte", mas que o evento não representa uma ameaça imediata.
Os lançamentos deste domingo também ocorreram durante uma visita a Seul de Sung Kim, funcionário dos EUA e ex-secretário-adjunto de Estado para Assuntos do Leste Asiático e do Pacífico. Ele se encontrou com autoridades sul-coreanas e japonesas na sexta (3) para discutir a possibilidade de a Coreia do Norte realizar um teste nuclear.