Como esquecemos rápido das coisas e não nos preocupamos com o próximo. Até outro dia nós éramos as vítimas de uma pandemia que matava mais de três mil brasileiros por dia, e para piorar a situação, as chuvas de final de dezembro de 2021 arrasaram parte do Brasil e em especial a região Sul da Bahia.
Janeiro de 2022 nos deixou sequelas e ‘feridas’ que vamos demorar para esquecer! Será mesmo? Ou já esquecemos? Até outro dia Ibicaraí e o Sul do Estado eram ‘vítimas’ e muitos se faziam de fragilizados para ganhar a atenção do Brasil e do mundo, barganhando donativos e eletrodomésticos.
É fato que muitos perderam tudo e boa parte ainda sofrem com as perdas, mas já tivemos outra tragédia, similar à nossa - em Pernambuco e Rio de Janeiro - e existe uma guerra acontecendo entre Rússia e Ucrânia e nós estamos aqui, barganhando 400 reais do Auxílio Brasil para comprar camisa de festa junina com valor astronômico.
O que nos falta de verdade é amor ao próximo. Se a dor não é em mim ou nos meus, dane-se o mundo! Precisamos fazer valer João 13:34-35, pois só assim Cristo voltará. É inaceitável que até outro dia pedíamos ajuda (sendo as vítimas) e em pouco mais de seis meses estamos comemorando e gastando o que não temos para gastar.
Outro ponto triste é a nossa classe artística nacional. Em um momento de crise e uma recessão econômica monstruosa, os nossos ‘ídolos musicais’ literalmente extorquem o poder público nas três esferas com valores exorbitantes, que fogem à nossa realidade. Tem prefeitura no Brasil pagando - ou querendo pagar - mais de um milhão de reais para determinado artista, por pouco mais de uma hora de show. Estão brincando com o dinheiro público ou o dinheiro do povo.
Quero deixar claro que sou a favor da manutenção das nossas tradições e gosto muito do São João. Sou favorável ao São João e São Pedro com o autêntico forró pé de serra e gostei muito da atitude da atual gestão e da Secretaria de Cultura em comemorar a festa e valorizar os cantores locais. Não é momento para gastar fortuna com esses sertanejos famosos ‘caçadores de fortunas’.
Enquanto uma hora de festa valer mais que uma escola ou um posto de saúde, o nosso país continuará no atraso e o pobre continuará mais pobre e os ‘ricos’ mais ricos. Precisamos de menos ‘festas ricas’ e mais amor e empatia com o próximo. Hoje no Brasil milhões passam fome enquanto ‘pseudos ídolos’ cantam e ‘encantam’ um país de fome e miséria.
Arnold Coelho
O caminho é João 13:34-35