Veja o que se sabe e o que falta ser solucionado sobre mortes de Bruno e Dom




A Polícia Federal comunicou neste sábado (18) o reconhecimento dos restos mortais pertencentes ao indigenista Bruno Pereira, por meio de uma das arcadas dentárias periciadas.

Um dia antes, os policiais confirmaram que a outra arcada dentária pertencia ao jornalista britânico Dom Phillips, que havia desaparecido desde o dia 5 de junho junto com o brasileiro.

O desaparecimento da dupla foi acompanhado nos últimos dias pela imprensa nacional e internacional, e gerou debate sobre a atividade ilegal de grupos na região amazônica.

Bruno Pereira dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, ele tinha 41 anos e deixa esposa e três filhos. Já o britânico Dom Phillips havia se mudado para o Brasil há 15 anos, onde escrevia um livro sobre como salvar a floresta amazônica.



O caso

O jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira Araújo foram considerados desaparecidos a partir do dia 5 de junho, na região do Vale do Javari, área de terras indígenas no Amazonas.

Após o caso ganhar repercussão, diversas figuras públicas, ambientalistas, ativistas, artistas e políticos de oposição foram a público cobrar providências urgentes para a busca da dupla.

Um dos principais suspeitos pelo desaparecimento, Amarildo Oliveira da Costa, conhecido como Pelado, confessou ter participado do assassinato da dupla mais de uma semana depois.




Amarildo então indicou onde teria enterrado os corpos da dupla, e a polícia confirmou a existência de remanescentes humanos no local.
Exame médico

Os corpos foram encontrados na tarde de quarta-feira (15) no local onde Amarildo indicou que havia enterrado os cadáveres, a cerca de 3,1 quilômetros da região onde ocorreu o crime.

Após o comunicado de que levaram os remanescentes humanos para análise, as famílias dos desaparecidos enviaram exames com as características das arcadas dentárias, para ajudar no processo de identificação.

Entre sexta-feira (17) e sábado (18), foram identificados que os corpos pertenciam, de fato, a Bruno e Dom. Segundo a nota da PF, os dois foram baleados. Bruno levou dois tiros na cabeça e um no peito; Dom levou um tiro no peito.

“O exame médico-legal, realizado pelos peritos da PF, indica que a morte do Sr. Dom Phillips foi causada por traumatismo toracoabdominal por disparo de arma de fogo com munição típica de caça, com múltiplos balins, ocasionando lesões principalmente sediadas na região abdominal e torácica”, diz a PF.

“A morte do Sr. Bruno Pereira foi causada por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, com múltiplos balins, que ocasionaram lesões sediadas no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”, continua o comunicado.

Os corpos de Bruno e Dom foram esquartejados e incinerados após os tiros. Depois, Amarildo enterrou os remanescentes.
Motivação do crime

Segundo a investigação da PF, Pereira e Phillips foram assassinados por conta de denúncias sobre pesca ilegal de pirarucu na região.

Ainda segundo a PF, o crime não teria tido um mandante nem envolvimento de organizações criminosas -- a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) contestou essa afirmação, e disse que os presos fazem parte de organização criminosa que atua no Vale do Javari.

De acordo com o depoimento de Amarildo da Costa de Oliveira, o primeiro suspeito a ser preso, à PF, o crime não teria sido premeditado. Segundo o conteúdo da oitiva, "Pelado" disse que estava com raiva do indigenista. Ele disse que outras pessoas, moradores de uma comunidade próxima onde houve o crime, o teriam ajudado. Um ajudou a matar a dupla e outro a ocultar os corpos.
Quem já foi preso

Até o momento, três pessoas já foram presas pelos crimes.

O primeiro suspeito a ser preso foi Amarildo da Costa de Oliveira, também conhecido como "Pelado", que confessou ter participado do assassinato da dupla, e seu irmão Oseney da Costa de Oliveira.

Em novos depoimentos, Amarildo da Costa de Oliveira confessou à Polícia Federal que participou do assassinato da dupla. Em seu primeiro depoimento, Pelado havia confessado ter enterrado os corpos, mas negava ter atirado na dupla.

O suspeito também deu mais detalhes de como Dom e Bruno foram capturados pelos criminosos. Ele descreveu no depoimento obtido pela CNN que, com um comparsa, perseguiu de barco o indigenista e o jornalista até o local onde eles foram atingidos por tiros de espingarda. Dom e Bruno morreram com esses tiros.

Neste sábado (18) um terceiro suspeito de participação nas mortes foi preso: Jefferson Lima da Silva, vulgo “Pelado da Dinha”, que se encontrava foragido. Ele se entregou na Delegacia de Polícia de Atalaia do Norte.
Lacunas em aberto

O Comitê de crise informou que pelo menos cinco suspeitos são investigados. Portanto, os policiais ainda trabalham com a hipótese de outros dois indivíduos terem participado do assassinato de Bruno e Dom.

Não foram informados nomes ou outras informações sobre os outros dois suspeitos.

Também vale ressaltar que o barco que estava sendo utilizado pela dupla na região do Amazonas ainda não foi encontrado. Segundo nota divulgada, apesar de as buscas estarem sendo feitas onde Amarildo indicou que teria acontecido o crime, a embarcação ainda não foi encontrada.
CNN
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