O ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet foi denunciado no Ministério Público e de ações públicas por causa das falas racistas e de cunho homofóbico direcionadas ao heptacampeão mundial Lewis Hamilton. De acordo com a Folha de S. Paulo, a indenização pedida é de R$ 10 milhões.
A denúncia foi feita por três deputadas federais. As ações públicas, por outro lado, foram protocoladas por entidades de defesa da população negra e da comunidade LGBTQIA+, como a Aliança Nacional LGBTI, o Centro Santos Dias de Direitos Humanos, A Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (Abrafh) e a EducAfro.
"As Associações Autoras requerem reparação de dano moral coletivo e dano social infligidos à população negra, à comunidade LGBTQIA+, e ao povo brasileiro de modo geral, em razão das graves ofensas racistas e homofóbicas vociferadas pelo réu, com a responsabilidade de quem porta a imagem pública de esportista tricampeão mundial de Fórmula 1 brasileiro", diz a petição.
RELEMBRE O CASO
No dia 28 de junho, um áudio de uma entrevista de Piquet ao jornalista Ricardo Oliveira, no canal Motorsports Talk, foi divulgado. Na gravação, o ex-piloto chama Hamilton de "neguinho" ao comentar sobre uma manobra feita pelo inglês em um duelo contra o holandês Max Verstappen (lembre aqui).
"O neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e não deixou [desviar]", disse, à época.
No dia 29, o ex-piloto se desculpou, mas disse não considerar o termo "neguinho" racista. Segundo ele, a palavra é usada no Brasil como sinônimo de "cara" ou "pessoa" (veja aqui).
Contudo, na última sexta-feira (1º), um novo trecho do áudio divulgado flagrou Piquet dizendo a seguinte frase, ao se referir ao finlandês Keke Rosberg, pai de Nico Rosberg:
"O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele [Nico]. Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais cu naquela época, aí tava meio ruim". Novamente, o termo racista foi utilizado para se referir a Hamilton (confira aqui).
No último sábado (2), convidado para o Le Mans Classic, evento bienal de carros antigos no Circuit de la Sarthe, na França, Piquet contrariou o próprio pedido de desculpas.
"Isso é tudo besteira, eu não sou racista. Não há nada, nada que eu disse errado. O [termo] que eu usei é uma palavra muito suave, até usamos com alguns amigos brancos", declarou.