Um tricampeonato para Messi, Maradona e o povo argentino – por Manuel Arantes




A ficção dificilmente inventaria uma final de Copa do Mundo mais emocionante e com mais reviravoltas do que foi o jogo entre Argentina e França disputado neste domingo (18) no Catar.

Não foi só uma disputa épica entre duas seleções bicampeãs, mas uma disputa entre o talento e a raça do veterano Lionel Messi de 35 anos, o 10 da Argentina por cinco copas consecutivas, contra o talento e a técnica do jovem craque Kylian Mbappé de 23 anos, o 10 da França e campeão mundial na última copa, disputada em 2018 na Rússia.

Se no primeiro tempo a Argentina com Messi e Di Maria passearam com 2 a 0 sobre a França, no segundo tempo, Mbappé marcou duas vezes, empatando tudo de novo e levando o jogo para a prorrogação.

Nos primeiros 45 minutos, o técnico argentino Lionel Scaloni achou o ponto certo da sua equipe, fazendo seus jogadores jogarem com o mesmo talento e garra que jogam pelos seus clubes.

Já o francês Didier Deschamps, campeão do mundo em 2018, teve 45 minutos pra reverter taticamente todo o baile que tomava do argentino e mostrar porque sua equipe era a atual campeã do mundo.

E se no segundo tempo da prorrogação, quando todos achavam que a Argentina estava morta de cansaço, ela faz um contra-ataque mortal, na raça, resultando em gol de Messi. Para um minuto depois, na pressão francesa, a bola bater na mão do zagueiro Montiel dentro da área e Mbappé – sempre ele – empatar de novo o jogo.

Antes da prorrogação acabar, a França ainda teve uma oportunidade de ouro desperdiçada por Kolo Muani, cara a cara com o goleiro Emiliano Martínez, um santo milagreiro, que o Papa Francisco, que é argentino, já pode canonizar em vida.

São Emiliano Martinez, que havia sido fundamental para a vitória dos argentinos sobre a Holanda e a Croácia, ainda pegaria a penalidade de Coman e forçaria Tchouameni a bater tão distante do goleiro que a bola acabou saindo.

Com uma fibra e uma vontade de vencer impressionantes, capazes de fazer um time desacreditado se superar – e que levou 2 a 1 da Arábia Saudita logo na 1ª partida da fase de grupos – a Argentina mereceu ser campeã. E o ex-vilão Montiel teve a chance de se redimir perante sua nação, marcando o pênalti que garantiu o tricampeonato da Argentina.

Por Messi, por Dom Diego Armando Maradona (morto em novembro de 2021), por seu povo sul-americano sofrido como o povo de todo o nosso continente, por Montiel, por Di Maria, pelo Papa Francisco e pelo 4º domingo do Advento, que lembra a toda a humanidade que estamos na semana do Natal.

Para os argentinos, o Natal este ano chegou uma semana mais cedo. Que o tricampeonato ajude seu povo e seu país. Parabéns, Argentina. Parabéns, Messi, agora você pode se aposentar.

Manuel Arantes é cronista esportivo desde a Copa de 1958.
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