Da Redação
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (03) abertura de uma investigação sobre o relato do senador Marcos do Val (Podemos-ES) a respeito de uma suposta articulação de um golpe, com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Moraes ordenou que Do Val preste um novo depoimento à Polícia Federal (PF).
Moraes afirmou que, no primeiro depoimento do parlamentar à PF, prestado nesta quinta-feira, ele apresentou “uma quarta versão dos fatos por ele divulgados”, ressaltando que todas foram “antagônicas”, e que por isso é preciso investigar os crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo.
“Ouvido sobre os fatos, o Senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento”, escreveu Moraes.
O ministro ainda determinou que a revista Veja e as emissoras CNN e GloboNews enviem a íntegra de entrevistas concedidas por Do Val. A Meta, empresa controladora do Facebook, também deve enviar uma transmissão realizada pelo senador na madrugada de quarta para quinta-feira, na qual falou pela primeira vez sobre a suposta articulação.
O relato de Do Val vinha sendo investigado dentro de um inquérito que apura a responsabilidade de de autoridades do Distrito Federal — como o governador afastado Ibaneis Rocha e o ex-secretário Anderson Torres — nos atos terroristas do dia 8 de janeiro. Agora, Moraes determinou a criação de uma petição, nome dado para um tipo procedimentos que tramitam no STF, que vai correr em sigilo.
Do Val denunciou esta semana que teria participado de uma reunião golpista com Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira para tentar gravar de maneira escondida o ministro Alexandre de Moraes — e forçá-lo a falar algo que poderia ser usado como uma espécie de admissão de alguma irregularidade no processo eleitoral e, com isso, evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o senador, ele poderia usar equipamentos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para gravar conversas com Moraes.