Da Redação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje (24) que a taxa de mortalidade devido a surtos de cólera, que afetam atualmente 22 países, subiu para 2% em 2021. A organização acredita que esse percentual deve ter sido o mesmo em 2022 e continuar em 2023.
Só na última semana, foram registrados novos surtos em três países, disse o representante da OMS para combate à cólera, Philippe Barboza, em entrevista, reiterando os riscos que esse aumento na incidência da doença representam para a saúde global.
“Em 2022, em relação a anos anteriores, mais 50% de países relataram surtos de cólera, incluindo alguns que estavam livres da doença há anos”, afirmou.
Alguns dos surtos foram declarados em áreas atingidas pela violência e por conflitos, como o Haiti ou a Síria. Na África, o centro da epidemia está no Malawi, país do Sul que vive onda letal e onde escasseiam vacinas.
Pelo menos 1.400 pessoas morreram, dos 45 mil casos notificados desde março do ano passado no país, considerado um dos mais pobres do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas.
Em Moçambique, o surto de cólera que afeta alguns países da região austral africana desde o fim do ano passado provocou a morte de 37 pessoas, entre os 5.260 casos registrados pelas autoridades, anunciou nesta semana o ministro da Saúde do país.
Na vizinha África do Sul, as autoridades sanitárias informaram que um homem de 24 anos morreu de cólera, interrompendo um período de 15 anos sem óbitos resultantes da doença.
No total, foram relatados cinco casos na África do Sul desde o início de fevereiro.
O representante da OMS disse que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo estão ameaçadas pelo avanço da doença. Alertou que o fornecimento de vacinas continua baixo, com cerca de 37 milhões de doses disponíveis para este ano.
Isso significa que, em muitos países, as campanhas de vacinação tiveram de substituir as duas doses recomendadas em áreas de risco de surtos por apenas uma, afirmou Philippe Barboza.
Diante do avanço da doença, a OMS pediu este ano, pela primeira vez, aos países e instituições doadores um fundo específico de US$ 25 milhões para ações de combate.