Para evitar que o fungo cause sérios danos à produção de cacau, uma das cadeias mais importantes do Estado, a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), vem intensificando as ações de prevenção em várias regiões. As atividades para que a Monilíase não provoque prejuízos à economia, o que rende mais de 1,9 bilhões de reais ao ano, estão sendo realizadas durante toda essa semana nos municípios de Altamira, Alenquer e Juruti.
Uma programação foi planejada pela regional de Santarém, com auxílio da Gerência de Educação Sanitária para que os moradores do município de Alenquer conheçam e auxiliem neste trabalho de defesa. Os agentes fiscais agropecuários percorreram feiras livres, portos, embarcações, além de realizarem visitas técnicas em propriedades rurais e promover reuniões com os produtores e representantes de sindicatos rurais, secretarias da agricultura local e demais instituições ligadas à área de agricultura.
“Estamos tendo uma receptividade grande por parte dos produtores locais, e quando podemos contar com essa parceria, o trabalho é mais eficiente e 100% compartilhado entre eles”, enfatizou a Agente fiscal agropecuária Andressa Bentes, uma das responsáveis pela ação em Alenquer.
O trabalho de educação sanitária é fundamental para prevenir a sanidade das lavouras porque acaba criando um elo entre a comunidade e a Agência de Defesa.
“É importante ir nas escolas, ir nas feiras, nos portos porque ao sensibilizar a população ela acaba sendo os nossos olhos nessas regiões remotas e acaba sendo capaz de identificar e de avisar o serviço fitossanitário sobre a existência de frutos com suspeita da praga”, disse Euclides Holanda, fiscal agropecuário responsável técnico pelo cacau na Adepará.
O engenheiro agrônomo Euclides Holanda, responsável técnico do programa na Adepará, traçou as rotas de risco para a Monilíase do Cacau no Pará, afirma que a Agência tem intensificado as ações preventivas de defesa no oeste do estado, reforçando a atuação das Regionais de Santarém, Oriximiná, Itaituba e Altamira, para evitar a entrada da praga no polo produtivo de cacau paraense que é a região da transamazônica.
“Realizamos um intenso trabalho preventivo e planejamos as ações de acordo com os períodos de frutificação do cacau e do cupuaçu na região e também estamos combatendo espécies que são hospedeiras da monilíase, que são nativas na região”, explicou.
FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO
No município de Juruti, a ação de combate à Monilíase é realizada, por meio da fiscalização de trânsito agropecuário, e executada nos portos para evitar a entrada e a disseminação de outras doenças, que representam também ameaças à agropecuária paraense.
A ação também preza pela segurança alimentar da população, impedindo a circulação de produtos e subprodutos sem documentação sanitária.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CHOCOLATE E CACAU
Durante o Festival Internacional de Chocolate e Cacau, o Chocolat Xingu, que está acontecendo no município de Altamira, localizado na Região de Integração do Xingu, e onde milhares de pessoas circularão durante o período do evento, equipes técnicas da ADEPARÁ estão percorrendo rodoviária, aeroporto, portos levando orientações sobre o fungo Monilíase, que atinge o cacaueiro.
A Agência de Defesa também está presente no Festival com um stand, que além da educação para os visitantes, estão orientando os produtores quanto ao fungo e a importância de serem cadastrados na ADEPARÁ, para que sempre tenham um auxílio na defesa de sua produção, um dos principais trabalhos da Agência.
Ameaça pela Fronteira – A Monilíase já está no Acre e no Amazonas, muito embora as áreas de foco ainda estejam há mais de 2 mil quilômetros de distância, é uma preocupação para a Defesa Vegetal do Pará, que está em alerta e reforçou as ações nas áreas fronteiriças com os estados vizinhos, como explica a Diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel.
“Na região que compreende Faro, Terra Santa e Juruti, temos um fluxo intenso de embarcações e de pessoas e esse movimento intensifica o risco de entrada da monilíase. Então, nessas áreas nós intensificamos as ações de educação sanitária. Estamos realizando palestras com a comunidade e treinamento para multiplicadores, por exemplo, os agentes de saúde são grandes parceiros e multiplicadores porque estão diariamente na casa das pessoas”.
De acordo com a diretora, o fungo pode aparecer numa plantação com mil pés ou no fundo de um quintal, em uma planta.
“Então, as pessoas precisam conhecer os sintomas e quando houver uma suspeita saber a quem recorrer e tudo isso nós fazemos nas palestras que promovemos para a população e também nas fiscalizações de produtos de origem vegetal que realizamos”, acrescentou.
MONILÍASE
A monilíase ataca os frutos do cacaueiro (Theobroma cacao), do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) e de outras plantas do gênero Theobroma em qualquer fase de desenvolvimento. Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é facilmente disseminada pelo vento e por materiais infectados como plantas, roupas, sementes e embalagens. A praga ocasiona perdas na produção que podem chegar a 100% da produção.
Os sintomas nos frutos são: deformação; rachaduras; manchas amarelas ou verdes; podridão das sementes e lesão escura na casca de coloração chocolate, com formação de grande quantidade de pó branco (esporos do fungo). (Fonte:Agência Pará)