2 de Julho: General Labatut, responsável pelo ‘Exército Pacificador’ na luta da Independência




Numa Salvador dominada pelo exército português após o “grito do Ipiranga”, em 7 de setembro de 1822, o militar veterano francês Pedro Labatut (ou Pierre Labatut) é enviado pelo governo independente brasileiro, situado no Rio de Janeiro, para organizar os combatentes locais em uma luta pela retomada da capital da Bahia.

O general, que já havia lutado nas Guerras Napoleônicas entre 1807 e 1814, havia chegado ao Brasil em 1819, vindo da Colômbia após atuar como comandante revolucionário na Guerra de independência na América espanhola ao lado de Simon Bolívar. A relação dos dois não foi das melhores e ele deixou o país conhecido como “Pirata do Caribe”.

Em julho de 1822, foi convidado pelo então príncipe regente Dom Pedro para atuar nas forças armadas do Brasil, considerando que entre os militares nacionais não haviam muitos oficiais experientes. O professor e historiador Ricardo Carvalho destaca que “não se sabe ao certo o que ele teria feito no país entre 1819 e 1822 quando foi conclamado por Dom Pedro para se envolver nas lutas pela Independência”.

Na esquadra comandada pelo Chefe de Divisão Rodrigo de Lamare, composta por uma fragata, duas corvetas e dois brigues, Pedro Labatut dirigiu a missão de enfrentar o general português Inácio Luís Madeira de Melo. Coube ao francês organizar os grupos armados que atuavam de forma separada na Bahia, comandados até ali por voluntários civis. Ele criou um exército disciplinado que atuaria de forma planejada e estratégica, fiel aos princípios da Independência defendidos por D. Pedro I.

Na Bahia, Labatut teve o grande desafio de lidar com a escassez de recursos e até de mão de obra. “Ele organizou o exército e praticamente profissionalizou a luta, mas também se transformou em uma figura controversa, autoritária, e entrou em embate direto com a Junta Governativa de Cachoeira, considerado o governo interino do Brasil independente, aqui na Bahia. Mesmo sendo chefe do ‘Exército Pacificador’ chegou a ser preso”, afirma Ricardo Carvalho.

O professor Ricardo Carvalho ressalta que o o General Labatut também “foi o responsável por criar a primeira tropa de homens negros para lutar nas batalhas pela Independência”.

Algumas pesquisas históricas apontam que o general francês atraia aliados para lutar ao seu lado ao prometer riquezas e prestígio. Aos escravos assegurava a liberdade, caso se alistassem. Ele teria sido bem rigoroso para garantir a ordem nas tropas sob seu comando e teria chegado a se utilizar de castigos físicos para não escravos, postura que chegou a contrariar os Senhores de Engenho, na época.






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De acordo com o historiador Ricardo Carvalho, Labatut criou laços com o processo revolucionário brasileiro atuando na “Revolução Farroupilha, na contenção dos movimentos do Ceará, um homem com um currículo militar amplo e diverso, profundamente envolvido na história do Brasil”.

Na lista de heróis do Dois de Julho, o General Labatut dá nome a uma nas ruas mais tradicionais do bairro dos Barris, no Centro de Salvador, sendo mais uma personalidade, mesmo que de forma controversa, a ser homenageada na passagem do Bicentenário da Independência, celebrado em 2023.
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