A memória da luta dos baianos pela independência do Brasil foi resgatada, neste ano, com um reforço bem afinado: o dos estudantes de 13 fanfarras da rede estadual de ensino, que participaram, pela manhã, do Desfile Cívico em homenagem ao Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia. Espalhando graça, alegria e precisão pelas ruas do Centro Antigo de Salvador, os alunos aguardavam apenas o regente apontar para o alto para soarem os primeiros acordes dos trombones, trompetes e bumbos, sinalizando que havia sido dada a largada para o desfile.
A passagem das fanfarras foi dividida em dois momentos. Pela manhã, alunos de 13 escolas da rede estadual de ensino de Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas realizaram o percurso do Barbalho ao Centro Histórico. E, no turno da tarde, vão partir, da Praça Municipal em direção ao Campo Grande, outras 12 instituições de Candeias, Dias D’Ávila, Simões Filhos e Salvador. Este ano, mais de 1,5 mil estudantes participam da festa cívica, entre eles, 25 alunos indígenas do Colégio Estadual Coroa Vermelha, do município de Santa Cruz de Cabrália, no Extremo Sul da Bahia, que, pela primeira vez, desfilam no Cortejo do 2 de Julho.
Desde o início das atividades letivas de 2023, a Secretaria da Educação do Estado (SEC) vem preparando uma programação diversificada, envolvendo toda a rede estadual de ensino. Além das fanfarras, cujo desfile neste domingo é o resultado de um trabalho que envolveu as comunidades escolares em meses de ensaio, outras atividades também foram realizadas, como palestras, rodas de conversa, gincanas, mostras visuais e saraus, dentre outras, para contextualizar a relevância deste marco histórico para a Bahia e o Brasil.
“Importante estimular a tradição e valorização deste momento que é tão especial para a nossa cultura entre os estudantes da rede estadual. A independência do Brasil se consolidou na Bahia. E, hoje, estamos aqui para homenagear as verdadeiras heroínas e heroís”, ressaltou a secretária da Educação do Estado, Adélia Pinheiro.
Pela manhã - Em um percurso de cinco quilômetros, entre o bairro do Barbalho e o Centro Histórico da capital baiana, na manhã deste domingo, a alegria, o colorido e o ritmo das fanfarras seguiram contagiando a população, que, a cada metro avançado, observava, aplaudia e registrava os movimentos, embalada pela performance musical dos integrantes, que capricharam, também, nas coreografias, sem perder de vista os comandos dos regentes.
Há mais de três décadas, Jorge dos Santos trabalha com fanfarras e, mesmo com esse tempo de experiência, para ele, cada desfile representa um momento único. “Quando começamos a apresentação e sentimos a energia positiva da população, temos a real noção de como é gratificante desenvolver esse trabalho”, revela o mestre, responsável pela fanfarra composta por 46 integrantes, entre músicos e corpo coreógrafo, do Colégio Estadual Professora Elisabeth Chaves Veloso, no Cabula.
Antes do início do desfile, a estudante Alice Brito estava certa do sucesso da apresentação da fanfarra. Já com o bumbo em mãos, ela esqueceu a timidez e, junto aos seus colegas, aguardava com expectativa o sinal do mestre Jorge para iniciar o desfile “Há integração entre a gente e o clima de descontração aumenta ainda mais a nossa vontade. Acredito que minha confiança se deve ao fato de termos ensaiado durante esses meses, unidos no único objetivo de realizar uma linda apresentação”, declarou.
Para a diretora do colégio, a expectativa é maior do que nos outros anos e explica: “Trata-se dos 200 anos da Independência da Bahia e este foi o tema gerador da Jornada Pedagógica. Os alunos se dedicaram muito aos ensaios e acredito que os estudantes de todas as escolas vão brilhar. O nosso maior incentivo está relacionado à importância desta data. Vamos comemorar. É o nosso 2 de Julho. É a nossa independência”, ressaltou.
A diretora da Escola Professor Roberto Santos, do bairro de Castelo Branco, Ethel Rocha, também não esconde a emoção com o desfile dos 45 estudantes da instituição. Ela, que esteve presente em todos os momentos dos preparativos para o 2 de Julho, reconhece que a fanfarra é um espaço de interação, aprendizado e crescimento dos estudantes como cidadãos. “Há harmonia, senso de equipe e, acima de tudo, respeito. A gente percebe uma explosão na autoestima dos alunos. Sei muito bem qual é essa sensação, porque estudei nesta mesma escola e, na minha época, participava da Banda Marcial da instituição”, declara.
Fonte: Ascom/SEC
Fotos: Flavia Anjos