Otto reage à fala de Zema sobre estados do Nordeste: ‘discurso divisionista é repugnante’




O senador Otto Alencar (PSD-BA) reagiu a declaração do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de que os estados do Sul e Sudeste farão uma frente no Congresso Nacional contra o Norte e o Nordeste a fim de assumir o protagonismo nos rumos do país diante da representatividade dos estados sudestino e sulistas na economia brasileira.

De acordo com o senador baiano, e suas redes sociais, a declaração de Zema parte de uma avaliação equivocada e lembra que quase 250 municípios do norte de Minas Gerais, estão incluídos no nordeste e recebem recursos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Banco do Nordeste.



Outro que reagiu à fala do mandatário mineiro foi o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), representante de um dos estados que integram o Consórcio Sul-Sudeste (Cosud). Segundo Casagrande, apesar de fazer parte do consórcio, não compactua com o posicionamento do seu colega.

“Sobre a entrevista do Governador Zema (MG) para o jornal Estado de SP, é importante deixar claro que é sua opinião pessoal. O ES participa do Cosud para que ele seja um instrumento de colaboração para o desenvolvimento do Brasil e um canal de diálogo com as demais regiões”, publicou no Twitter.




Declarações de Zema

Em uma entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, publicada neste sábado (5), o governador de Minas Gerais revelou que os estados do Sul e do Sudeste estão unidos pela primeira vez, atuando em conjunto no Congresso para evitar perdas econômicas. Essa ação conjunta é realizada por meio do Consórcio Sul-Sudeste (Cosud), que reúne os governadores das unidades federativas das duas regiões, sendo atualmente presidido por Ratinho Júnior (PSD), do Paraná.

“A cada 90 dias, nós nos encontramos para trabalharmos de forma conjunta. A última reunião foi em Belo Horizonte. Tem muita coisa que um estado faz melhor que o outro”, afirmou. “Também já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político.”

“Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos”, argumentou.







Uma das primeiras iniciativas do grupo foi durante a votação da proposta de reforma tributária na Câmara dos Deputados. O texto original previa a criação de um conselho federativo para gerir o novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) com representação igualitária de cada estado. No entanto, os governadores se posicionaram contra essa ideia, argumentando que preferem uma representação proporcional à população. Romeu Zema explicou que, com a representação igualitária, os estados do Sul e do Sudeste, que somam sete unidades federativas em um total de 27, teriam pouca influência nas decisões, ficando em desvantagem em relação às regiões do Norte e Nordeste, que teriam maior poder de decisão nesse conselho.

“Pela primeira vez, um dia antes da reforma tributária ser votada, nós convidamos todos os 256 deputados federais (metade da Câmara dos Deputados) do Sul e do Sudeste. Os do Norte e Nordeste estão muito na nossa frente”, defendeu o governador mineiro.
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