Há exatos oito anos, completados neste domingo (5), aconteceu a maior tragédia socioambiental já ocorrida do Brasil: o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).
A ruptura despejou mais de 40 milhões de m3 de rejeitos no rio Doce, que percorreram 600 quilômetros até alcançar o mar, afetando, diretamente, 49 municípios mineiros e capixabas, e matando 19 pessoas. As empresas responsáveis pela barragem são a Samarco, uma joint venture entre as duas maiores mineradoras do mundo, a anglo-australiana BHP e a brasileira Vale.
Somente neste ano as famílias que tiveram que sair de casa em 2015 começaram a receber as chaves dos novos imóveis. No município de novo Bento Rodrigues, dos 248 previstos, 168 estão com obras finalizadas; em Paracatu de Baixo, de um total de 93, 66 estão concluídos. Ao todo, nos dois reassentamentos, 72 imóveis foram entregues aos moradores.
Ninguém foi responsabilizado criminalmente pela tragédia. Os réus – que já foram 26 e, agora, são 11 – vão começar a ser interrogados na segunda-feira (6). Apesar das 19 mortes, eles não respondem mais por homicídio.
Processo
O processo pode resultar em uma indenização de US$ 44 bilhões, aproximadamente R$ 215 bilhões. O advogado das vítimas - que envolvem pessoas, empresas, municípios, estados e comunidades quilombolas e indígenas krenak, guarani, tupiniquim e pataxó -, o inglês Thomas Goodhead, disse que este é o maior processo coletivo de todos os tempos.
No último dia 2, vítimas da tragédia protestaram durante reunião de acionistas da BHP Billiton, na Austrália. Durante o protesto, os brasileiros entregaram garrafas de água poluída pelos rejeitos do rompimento de Fundão.
Por meio de nota divulgada para a imprensa, o governo de Minas disse que tem compromisso com "a justa reparação aos atingidos pelo rompimento da barragem". Já o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), que está coordenando as discussões, afirmou que a expectativa é fechar o acordo até o fim de 2023.