Da Redação
Uma coisa é certa: o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), escolhido pelo morador do Palácio de Ondina, Jerônimo Rodrigues (PT), como candidato da base aliada à Prefeitura de Salvador, já é um vencedor, mesmo que perca a eleição para o prefeito Bruno Reis (União), que vai disputar o segundo mandato consecutivo na condição de amplo favorito. Se os principais aliados têm algo a perder, para o emedebista o jogo é de ganha, ganha.
Na avaliação de lideranças de partidos governistas, Geraldinho sabe que será improvável permanecer na posição de vice-governador na chapa à reeleição de Jerônimo porque o MDB não terá, em 2026, o mesmo peso político do pleito de 2022, quando rompeu com Bruno Reis e com o ex-prefeito ACM Neto (União), criou um fato impactante e levou para o lado do petista o então presidente da Câmara Municipal, numa jogada de mestre.
Mas o emedebista, ao disputar a segunda eleição majoritária consecutiva, mesmo que perca dentro da margem aceitável para uma candidatura de oposição na cidade, cacifa-se para tentar uma vaga na Câmara Federal em 2026, fazendo dobradinha com o filho, o deputado estadual Matheus Ferreira (MDB). E concorre na condição de vice-governador, uma vez que a derrota não lhe tira o cargo.
O MDB, por outro lado, já sai perdendo na largada, uma vez que, ao atender ao desejo pessoal de Geraldinho e, a contragosto dos Vieira Lima, bancar a candidatura do filiado junto ao governador e ao conselho político, transforma a missão de permanecer na chapa de Jerônimo em 2026 da categoria “improvável” para “impossível”. Abre-se automaticamente espaço para concorrentes de peso como o PSD, o Avante e, quem sabe até, o retorno do PP, sobretudo num cenário em que o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), concorra ao Senado ao lado do senador Jaques Wagner (PT) – nesse caso, sobraria só a vaga de vice.
Não foi à toa que Avante, PSD e a ala governista do PP, representada pelos deputados estaduais da sigla, defenderam o nome de Geraldinho como candidato a prefeito de Salvador no conselho político. Além disso, o peso de uma eventual derrota para Bruno Reis, principalmente se for no primeiro turno, não recai sobre esses aliados, mas sim nas costas de Jerônimo e Wagner, principais fiadores da candidatura do emedebista junto às tradicionais legendas de esquerda (PT, PCdoB e PSB). Nesse caso, vai ser difícil para Rui Costa, que nada tem a ver com essa história, pois defendia o nome do presidente da Conder, José Trindade (PSB) – rifado por Wagner -, esconder o sorriso maroto.
Em caso de derrota, o PT e o PCdoB, principais partidos da federação da qual o PV também é integrante, vão se queixar dos caciques petistas, certamente, uma vez que ficarão sem palácio municipal e, talvez, com uma bancada menor de vereadores. A tese é que, com Geraldinho na cabeça de chapa, o 13 deve receber menos votos de legenda na proporcional, o que pode significar uma redução do número de oposicionista no Legislativo. Para o MDB, que só tem hoje um vereador que vale o mesmo que nada para a sigla, já que é aliado de Bruno Reis, é esperado o oposto. De quebra, Geraldinho pode ganhar novos aliados na Câmara para pretenções futuras.
Entre os aliados de Jerônimo, outra coisa é certa: Geraldinho, que já foi chamado de candidato de direita pelos partidos de esquerda da base do governo, só terá chances de vencer a eleição se o PT vestir a camisa do candidato. Por enquanto, em meio a mágoas e lágrimas, não há, ainda, sinais de que isso vá ocorrer por agora. Mas Jerônimo e Wagner têm tempo para exercer a habilidade do convencimento.