No Brasil, o mês de janeiro é marcado pela campanha Janeiro Verde, iniciativa que busca conscientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer do colo do útero. Este tipo de tumor é a quarta causa de morte por câncer entre as mulheres brasileiras e o terceiro mais frequente, atrás do câncer de mama e do colorretal, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). A doença é causada principalmente pela infecção persistente do papilomavírus humano (HPV), razão pela qual a vacina contra o HPV é incentivada neste período. A realização de exames de rotina, como o Papanicolau, também é estimulada, por identificar lesões pré-cancerígenas, que permitem intervenções antes que a doença se desenvolva plenamente.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 75% das mulheres sexualmente ativas entram em contato com o HPV ao longo da vida e cerca de 5% delas desenvolvem o tumor maligno em um prazo de dois a 10 anos. O HPV é um vírus sexualmente transmissível que pode afetar homens e mulheres, mas é nas mulheres que ele representa um risco significativo para o desenvolvimento do câncer cervical, outra forma de chamar o câncer do colo do útero.
Segundo o cirurgião oncológico André Bouzas, a relação entre o HPV e o câncer do colo do útero é um alerta para a importância da prevenção. Por isso, a vacinação contra o HPV é uma medida fundamental, sendo indicada para adolescentes do sexo feminino entre 9 e 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos. Além disso, “a prevenção também envolve a realização periódica do exame Papanicolau, fundamental para identificar alterações celulares precoces e garantir um diagnóstico precoce”, destacou.
Sintomas e diagnóstico – De acordo com o especialista, os sintomas do câncer do colo do útero podem ser silenciosos em estágios iniciais, o que reforça a necessidade de exames regulares. Entre os sinais que podem surgir estão o sangramento vaginal anormal, dor durante as relações sexuais, corrimento com odor e dor pélvica persistente.
O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Exames de rotina, como o Papanicolau, são essenciais para identificar lesões pré-cancerígenas, permitindo intervenções antes que a doença se desenvolva plenamente. Caso o câncer seja diagnosticado, diversas opções de tratamento estão disponíveis, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
Tratamento – Receber um diagnóstico de câncer de colo do útero pode ser avassalador, mas é importante saber que existem diferentes opções de tratamento disponíveis. As abordagens variam de acordo com o estágio da doença, a saúde geral da paciente e outros fatores individuais.
André Bouzas destaca que a cirurgia é o tratamento mais comum. Envolve a remoção do tumor e, na maioria dos casos, o útero (histerectomia). “Dependendo da extensão do tumor, a remoção de outras estruturas, como ovários e parte da vagina pode ser necessária. Em alguns casos, é preciso remover os gânglios linfáticos próximos ao útero (linfadenectomia) para evitar a disseminação do câncer”, explicou o cirurgião oncológico.
A radioterapia, que utiliza feixes de radiação para destruir as células cancerosas, pode ser realizada externamente ou internamente (braquiterapia), dependendo da situação clínica. Já a quimioterapia, que envolve o uso de medicamentos para destruir as células cancerosas ou impedir seu crescimento, pode ser administrada antes ou após a cirurgia, dependendo do caso. O diretor do IBCR, André Bouzas, destaca que a cirurgia robótica se mostra uma abordagem com menos complicações cirúrgicas no tratamento do câncer de colo do útero nos estágios iniciais. “Além de maior precisão, o sistema robótico permite intervenções menos invasivas, com incisões menores, menos dor e recuperação mais rápida. Por isso, cada vez mais pessoas têm optado por esta modalidade cirúrgica na Bahia”, concluiu o cirurgião.