Da Redação
A proliferação de guerras, o rearmamento nuclear e o agravamento do aquecimento global mantém o Relógio do Juízo Final a 90 segundos do apocalipse, segundo o anúncio feito pela ONG Boletim dos Cientistas Atômicos, nesta terça-feira (23).
A marca é a mesma do ano passado e a pior desde a criação da ferramenta, em 1947. O Relógio, desenvolvido pelo Boletim dos Cientistas Atômicos logo após o final da Segunda Guerra Mundial, é uma “metáfora de quão perto a humanidade está da autoaniquilação”.
“Seguimos com uma tendência rumo à catástrofe nuclear e o ano passado foi o mais quente da história”, disse a presidente do Boletim, Rachel Bronson. “Mas houve algumas boas notícias. Os renováveis dominam os novos investimentos em energia”, completou o membro da entidade Ambuj Sajar (Instituto de Teconologia da Índia).
Assim como em 2023, os cientistas apontaram os riscos do avanço da IA (inteligência artificial) para a segurança global, incluindo desinformação, e como estudos de biossegurança e o emprego de armas biológicas podem gerar uma pandemia como a da Covid-19.
No ano passado, após dois anos, os ponteiros haviam mexido para aquele que era então o menor índice da série histórica. O motivo central era a Guerra da Ucrânia, lançada por Vladimir Putin com uma série de ameaças nucleares, em fevereiro de 2022.
No entanto, em 2020 e 2021, o Relógio já estava no pior momento de história, com a ameaça de guerra na Europa, a pandemia de Covid-19 e a irresponsabilidade climática de negacionistas como o então presidente Jair Bolsonaro (PL), citado nominalmente como um risco ao planeta.
A saída de Putin do último acordo de controle de armas nucleares e os renovados flertes com o emprego eventual da bomba são citados como graves pelo Boletim. À carnificina na Ucrânia se soma a guerra no Oriente Médio, centrada no conflito Israel-Hamas.
“Como um Estado nuclear, as ações de Israel são relevantes para o Relógio, particularmente se o conflito escalar para uma guerra convencional maior, tragando outros Estados nucleares ou não”, disse Bronson. O aumento do enriquecimento sem controle de urânio por Teerã, denunciado pela Agência Internacional de Energia Atômica, é visto com um fator de risco adicional.