Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
SÃO PAULO
(FOLHAPRESS)
A dengue é cinco vezes mais letal para crianças com menos de cinco anos do que para aquelas que estão na faixa de 10 a 14 anos, diz levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e da FMP/Unifase (Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto).
O recorte da faixa etária de 10 a 14 anos foi eleito pelo Ministério da Saúde como o melhor cenário para iniciar a vacinação contra a dengue no Brasil. Segundo análise da pasta, é o intervalo de idades com maior número de internações dentre as elegíveis para a vacina (entre 4 e 60 anos).
“O Ministério da Saúde acerta em vacinar o grupo onde estamos vendo mais casos. Nossa recomendação é que a imunização avance para as crianças mais novas, de 5 a 9 anos, que estão morrendo mais, proporcionalmente”, diz o coordenador do observatório da Fiocruz, Cristiano Boccolini.
A vendedora Juliana Machado inspeciona o mosquito da espécie Aedes aegypti encontrado em sua casa, em Brasília (DF), durante epidemia de dengue Ueslei Marcelino – 06.fev.24/Reuters ** A análise mostra que foram notificados 239.402 casos em crianças de até 14 anos nas dez primeiras semanas epidemiológicas de 2024 –até o dia 9 de março. Há maior incidência entre adolescentes de 10 a 14 anos (41,8%), seguido por menores de 5 anos (24,5%) e pela faixa de 5 e 9 anos (33,7%).
Em relação aos óbitos, a porcentagem se inverte. Foram registrados 52 óbitos por dengue em crianças com menos de 14 anos neste período, segundo a Fiocruz -16 deles já confirmados e 36 em investigação. Do total, 44,2% das vítimas tinham menos de 5 anos, 32,7% estavam na faixa etária de 5 a 9 anos e 23,1% entre 10 a 14 anos.
A Fiocruz alerta ainda para um aumento de 21,2% no número de óbitos na décima semana em relação à anterior, o que sugere a necessidade de reforço nas medidas de prevenção à doença.
Além de analisar o número de mortes, o observatório analisou a letalidade da doença (número de óbitos em relação ao total de casos) entre as crianças de 0 a 14 anos.
Considerando somente os casos confirmados, a letalidade é de 6,7 óbitos para cada 100.000 casos de dengue. A letalidade para a faixa etária inferior a 5 anos é cinco vezes superior em comparação com a faixa de 10 a 14 anos. A letalidade confirmada em crianças de 5 a 9 anos é três vezes maior do que aquela observada entre os adolescentes de 10 a 14 anos.
Levados em conta todos os casos (confirmados e suspeitos) de dengue nessa faixa etária, a taxa é 3,3 vezes mais elevada em crianças menores de 5 anos em comparação com o grupo de 10 a 14 anos. Para o grupo etário de 5 a 9 anos, a letalidade total é 1,8 vezes maior que a registrada entre os de 10 a 14 anos.
Os motivos para a maior gravidade entre crianças mais novas são variáveis, diz Renato Kfouri, infectologista pediatra e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). Segundo ele, ainda neste ano as situações podem favorecer números diferentes.
O principal fator de risco para desenvolver a forma grave da dengue é ser a segunda infecção, afirma. O segundo fator é o manejo. Conforme Kfouri, quem maneja melhor a doença, previne mais óbitos.
Acrescenta ainda o reconhecimento rápido da dengue e a circulação dos sorotipos entre as influências.
No Brasil, em geral, as principais vítimas de mortes por dengue são idosos. Dados do Ministério da Saúde analisados pela Folha mostram que até o dia 9 de março mais de 40% das mortes foram de pessoas com mais de 70 anos –faixa etária ainda não contemplada pela vacina Qdenga.
O imunizante, produzido pela farmacêutica Takeda, foi incorporado ao SUS (Sistema Único de Saúde) no final de 2023 e é distribuído às cidades pelo Ministério da Saúde seguindo critérios como situação epidemiológica da doença, público-alvo e maior predominância do sorotipo 2 do vírus da dengue (DENV-2).
Devido à limitação da produção do laboratório, os critérios foram adotados para conseguir priorizar o envio das cerca de 5,2 milhões de doses. Já foram distribuídas, até o momento, 1.235.236 doses para os 521 municípios de regiões endêmicas do país.
SÃO PAULO
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A dengue é cinco vezes mais letal para crianças com menos de cinco anos do que para aquelas que estão na faixa de 10 a 14 anos, diz levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e da FMP/Unifase (Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto).
O recorte da faixa etária de 10 a 14 anos foi eleito pelo Ministério da Saúde como o melhor cenário para iniciar a vacinação contra a dengue no Brasil. Segundo análise da pasta, é o intervalo de idades com maior número de internações dentre as elegíveis para a vacina (entre 4 e 60 anos).
“O Ministério da Saúde acerta em vacinar o grupo onde estamos vendo mais casos. Nossa recomendação é que a imunização avance para as crianças mais novas, de 5 a 9 anos, que estão morrendo mais, proporcionalmente”, diz o coordenador do observatório da Fiocruz, Cristiano Boccolini.
A vendedora Juliana Machado inspeciona o mosquito da espécie Aedes aegypti encontrado em sua casa, em Brasília (DF), durante epidemia de dengue Ueslei Marcelino – 06.fev.24/Reuters ** A análise mostra que foram notificados 239.402 casos em crianças de até 14 anos nas dez primeiras semanas epidemiológicas de 2024 –até o dia 9 de março. Há maior incidência entre adolescentes de 10 a 14 anos (41,8%), seguido por menores de 5 anos (24,5%) e pela faixa de 5 e 9 anos (33,7%).
Em relação aos óbitos, a porcentagem se inverte. Foram registrados 52 óbitos por dengue em crianças com menos de 14 anos neste período, segundo a Fiocruz -16 deles já confirmados e 36 em investigação. Do total, 44,2% das vítimas tinham menos de 5 anos, 32,7% estavam na faixa etária de 5 a 9 anos e 23,1% entre 10 a 14 anos.
A Fiocruz alerta ainda para um aumento de 21,2% no número de óbitos na décima semana em relação à anterior, o que sugere a necessidade de reforço nas medidas de prevenção à doença.
Além de analisar o número de mortes, o observatório analisou a letalidade da doença (número de óbitos em relação ao total de casos) entre as crianças de 0 a 14 anos.
Considerando somente os casos confirmados, a letalidade é de 6,7 óbitos para cada 100.000 casos de dengue. A letalidade para a faixa etária inferior a 5 anos é cinco vezes superior em comparação com a faixa de 10 a 14 anos. A letalidade confirmada em crianças de 5 a 9 anos é três vezes maior do que aquela observada entre os adolescentes de 10 a 14 anos.
Levados em conta todos os casos (confirmados e suspeitos) de dengue nessa faixa etária, a taxa é 3,3 vezes mais elevada em crianças menores de 5 anos em comparação com o grupo de 10 a 14 anos. Para o grupo etário de 5 a 9 anos, a letalidade total é 1,8 vezes maior que a registrada entre os de 10 a 14 anos.
Os motivos para a maior gravidade entre crianças mais novas são variáveis, diz Renato Kfouri, infectologista pediatra e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). Segundo ele, ainda neste ano as situações podem favorecer números diferentes.
O principal fator de risco para desenvolver a forma grave da dengue é ser a segunda infecção, afirma. O segundo fator é o manejo. Conforme Kfouri, quem maneja melhor a doença, previne mais óbitos.
Acrescenta ainda o reconhecimento rápido da dengue e a circulação dos sorotipos entre as influências.
No Brasil, em geral, as principais vítimas de mortes por dengue são idosos. Dados do Ministério da Saúde analisados pela Folha mostram que até o dia 9 de março mais de 40% das mortes foram de pessoas com mais de 70 anos –faixa etária ainda não contemplada pela vacina Qdenga.
O imunizante, produzido pela farmacêutica Takeda, foi incorporado ao SUS (Sistema Único de Saúde) no final de 2023 e é distribuído às cidades pelo Ministério da Saúde seguindo critérios como situação epidemiológica da doença, público-alvo e maior predominância do sorotipo 2 do vírus da dengue (DENV-2).
Devido à limitação da produção do laboratório, os critérios foram adotados para conseguir priorizar o envio das cerca de 5,2 milhões de doses. Já foram distribuídas, até o momento, 1.235.236 doses para os 521 municípios de regiões endêmicas do país.