Marketing territorial é uma das apostas de chocolateiros do Sul da Bahia
Região se destaca com produção de chocolates finos de origem e agrega sustentabilidade
O marketing territorial é a promoção de um determinado território geográfico, como uma cidade, um estado, uma região ou um país inteiro, com a finalidade de atrair mais visitantes, investimentos e oportunidades de negócio. O assunto entrou em pauta durante o seminário “Chocolate da Cabruca, Patrimônio da Bahia”, realizado nesta segunda-feira (27) e terça-feira (28), em Salvador.
A atividade reuniu cerca de 200 pessoas ao longo dos dois dias de programação no campus Tancredo Neves da Universidade Salvador (Unifacs) e trouxe para o centro da discussão temas como o desenvolvimento da cadeia de chocolates da Cabruca no Sul da Bahia; a sociobiodiversidade e indicação geográfica; as políticas públicas, desafios e propostas para o setor; o acesso a mercados; a presença feminina no chocolate e os intercâmbios do segmento com a academia.
“O seminário foi importante porque ele trouxe à luz da discussão o conceito de territorialização materializado por meio de uma indicação geográfica denominada chocolate da cabruca. O seminário articulou atores das iniciativas pública e privada para discussões aprofundadas sobre ações que podem ser desenvolvidas para o desenvolvimento e projeção desses chocolates finos para o Brasil e o mundo”, concluiu o diretor do Consórcio Cabruca, Thiago Fernandes.
Para o professor e coordenador da Agência de Internacionalização e Exportação (Aiex) da Unifacs, Henrique Campos, o acesso ao mercado internacional traz desafios e um grau de complexidade significativo e o Consórcio Cabruca tem potencial para driblar os obstáculos.
“Os produtores de chocolate do Sul da Bahia têm um grande potencial enorme com um produto único da cabruca, no qual você tem um cacau produzido dentro da Mata Atlântica, ou seja, você preserva a mata em pé e garante a sustentabilidade. E a Aiex está junto com os produtores por meio do consórcio agregando outros parceiros importantes dos setores público e privado em prol do desenvolvimento dessa cadeia produtiva.”, acrescentou Campos.
O seminário foi oportuno para um diálogo alargado com diversos atores que pensam em conjunto no avanço da projeção dos chocolates finos da terra de Jorge Amado, como reforçou o presidente da Associação dos Produtores de Chocolate do Sul da Bahia (ChocoSul), Gerson Marques. “Foi uma oportunidade para um debate com a sociedade por meio dos diversos entes que integram esse universo do chocolate da Bahia. Juntos vamos construindo uma nova realidade associada à qualidade do chocolate como estratégia de marketing posicionando os chocolates da Bahia a níveis nacional e internacional.”, avaliou.
Gerson lembrou do destaque para os chocolates e cacau premiados, além do alto valor agregado ao produto com a produção de chocolates em uma floresta na região de Mata Atlântica. “Isso somado à qualidade sensorial faz da gente uma referência de chocolate de alta qualidade.”, lembrou Marques.
A região Sul da Bahia possui uma história rica na produção de cacau, e nos últimos anos tem se destacado nacionalmente na fabricação de chocolates finos de origem. A prática da cabruca, que combina o cultivo de cacau com a preservação da Mata Atlântica, é fundamental nesse contexto, proporcionando uma produção sustentável e de alta qualidade.
Mulheres no chocolate
A secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Elisângela Araújo, esteve em uma mesa debatendo a inserção feminina na cadeia produtiva e lembrou da importância do protagonismo de gênero.
“É fundamental a participação das mulheres em todo o arranjo produtivo do cacau e do beneficiamento com o chocolate. Sabemos do envolvimento das mulheres nessa nova construção produtiva da cacauicultura projetando o cacau fino da Bahia para o mundo. É importante a valorização das mulheres nesse processo, tanto no lugar de produtoras de cacau e chocolate, quanto no lugar de empresárias. Estamos aqui para discutir isso em conjunto e celebrar parcerias.”, afirmou.
Consórcio Cabruca
Lançado em dezembro de 2023, num projeto piloto com apenas cinco marcas de chocolates finos do Sul da Bahia, por meio da Aiex, o Consórcio Cabruca expande seu mix de marcas mirando na exportação da iguaria do Sul do estado. Durante o seminário foi assinado um termo de colaboração entre a Associação ChocoSul e a Aiex, onde pelo menos 22 marcas filiadas à associação passaram a integrar o consórcio – um movimento que segue em crescente pela integração e fortalecimento do associativismo e desenvolvimento coletivo de empreendimentos do chocolate Sul Baiano.
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