Patrimônio histórico no chão: 3º governo de Jabes Ribeiro se recusou a pagar R$ 28 mil pela desapropriação do prédio da União Protetora



O esforço histórico de artistas e operários foi ao chão. Foto: Danilo Matos (Ilhéus 24 horas).


Na tarde desta terça-feira (30), o primeiro andar do prédio da União Protetora dos Artistas e Operários desabou na calçada da Avenida 2 de Julho, em Ilhéus.


O centenário prédio histórico, inaugurado em 1922, ruiu aos poucos diante dos olhares omissos de governos municipais incompetentes e irresponsáveis e de uma sociedade que nunca se mobilizou para preservá-lo.


O abandono do prédio atingiu a fase mais crítica nos dois governos do atual prefeito, Mário Alexandre (PSD), que nunca demonstrou preocupação com os patrimônios histórico e ambiental do município. Na visão de Mário, um iletrado em história, “é melhor derrubar e construir um novo”.


Contudo, o desmoronamento do prédio não é culpa exclusiva da gestão Mário Alexandre.


Segundo o memorialista e fotógrafo José Nazal, que recentemente foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela UESC, o erro é também da sociedade que nunca se levantou para exigir a conservação do antigo imóvel.


Nazal também comentou a omissão de sucessivas administrações municipais. O último governo de Antonio Olimpio (1993-1996), por meio de um decreto que incluiu também a Casa de Jorge Amado, apenas tombou o prédio da União Protetora.


De 1997 a 2004, segundo e terceiro governos do então prefeito Jabes Ribeiro, foi iniciada a desapropriação do prédio, que era administrado pelo “pai de Zé de Madá e pelo senhor Regino Macário”, explica Nazal.


Após uma avaliação judicial a pedido do município, ficou estipulado o valor de R$ 28 mil a serem pagos ao detentores da posse. Se levarmos em conta a correção monetária equivalente ao período de 31/12/2004 (último dia do 3º governo de Jabes Robeiro) e a data de hoje (1º de maio de 2024), o valor corresponderia a cerca de R$ 95 mil. Essa atualização é importante para demonstrar que o pagamento era exequível na época e seria hoje.


Segundo Nazal, o município não fez o pagamento e a desapropriação parou.

Governo de Jabes não pagou R$28 mil e a desapropriação do prédio não andou.

No governo de Valderico Reis (2005 a setembro de 2007) nenhum passo foi dado para tornar o prédio patrimônio público.

No segundo governo de Newton Lima (2009 a 2012), houve uma nova tentativa de desapropriação. O objetivo era torná-lo um museu da imagem e do som administrado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Infelizmente, o documento indispensável à quitação do valor de RS 28 mil (o daje) já estava desatualizado.

A justiça teve que refazer o cálculo, e o valor subiu para aproximadamente um milhão de reais. Diante do acréscimo inesperado, o governo Newton Lima também não fez o pagamento.

Os governos posteriores (Jabes no 4º mandato e Marão) também nada fizeram. Ao longo dos últimos anos, o prédio foi invadido por moradores de rua e ontem desabou diante de uma sociedade que não valoriza a própria história.

“O prédio da União Protetora foi construído graças ao esforço de pedreiros, ferreiros, carpinteiros, alfaiates e outros artistas e operários”, finaliza Nazal.

Comentário do BG.

Houve muito esforço para construí-lo. Nada, absolutamente nada, foi realizado para mantê-lo em pé.
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