Mara Cerqueira
A fotografia do plenário da Câmara de Vereadores de Bom Jesus da Lapa, indica a ascensão de algumas minorias ao poder local, esse é um fato curioso que poucas pessoas observam de uma forma a pontuar a importância da inclusão de grupos diversos ao poder.
Ao avaliar a trajetória política daquele que costurou sua ascensão política desde muito jovem até chegar ao centro da mesa do poder legislativo, pudemos identificar um homem negro, de família humilde, condição que por muitas vezes foi pontuada por Gedson como motivo de descriminação sofrida em toda sua vida, sobretudo como homem público.
Um ponto muito importante é que o político também tem na defesa das mulheres como uma bandeira de luta, inclusive na sua primeira sessão como presidente, fez questão de homenagear as suas colegas vereadoras e a sua mãe.
Recentemente, ao participar de uma discussão pública, o vereador se posicionou de forma contundente ao afirmar que a situação do racismo à brasileira sempre foi muito decisiva em sua vida quanto pessoa pública e que é importante combater o racismo no Brasil para evoluirmos como sociedade, e que é importante levar em consideração a desigualdade social como impedimento para que os negros possam ascender socialmente.
Ao lado de Gedson do Nascimento é possível notar a figura simples de uma guerreira que mesmo sendo uma mulher branca, sofre na pele a condição de que sofrem todas as mulheres, independentemente de raça ou classe, Maria Leles nunca renunciou a seus papeis de gênero, porém adentrou a vida pública para fazer a diferença na política e lutar pelas mulheres de Bom Jesus da Lapa. Muita gente não sabe, mas Maria quase não se candidataria nesse último pleito por estar meio decepcionada com a política, ela confidenciou a essa escrevente que esperava ser mais reconhecida, já que presta um excelente serviço na comunidade lapense, com isso, Maria se encontra em um lugar mais que merecido, a vice presidência da casa legislativa.
Zenilton, que tem o cargo de secretário, também é um homem que pode ser tido como integrante da comunidade afrobrasileira, apesar de não ser muito comum vê-lo declarando sua condição como pauta política, sendo que este tem uma vida pública bastante longínqua e reservada, sendo um militante das causas da Política de Saúde, aparenta ter uma postura mais conservadora por ser um homem religioso, portanto um dos políticos mais experientes e amados da vida pública local.
Quem também saiu na foto da formação da mesa diretora composta nessa quarta feira, 01 de janeiro, foi a vereadora Andreia Luiza, que é uma militante conhecida por suas causas sociais, mulher humilde, filha do saudoso policial militar Gonzaga e da dona de casa Irene, moradores conhecidos do bairro João Paulo II, Andreia tem em sua pauta a inclusão social como mulher periférica, casada, católica e muito atuante, como vereadora suplente ela demonstrou muito traquejo com as pautas públicas, mas ela não ficará no mandato de vereadora por muito tempo, Andreia irá ocupar a pasta a Ação Social local que almejou por muito tempo.
É realidade que muita gente não leva em consideração a iconicidade desta foto, mas quem faz parte dessas minorias contidas nessas personagens, ou simplesmente observa a desigualdade social como um atraso da nossa cultura, vai observar que essa é uma oportunidade de discutirmos a importância do local de fala nas instituições públicas, saber que a representatividade é salutar para uma população diversificada como a nossa, entender que os novos tempo podem trazer evolução como sociedade e que a ascensão dos negros, das mulheres e outros grupos marginalizados podem contribuir para a sociedade como um todo, principalmente no que se refere à igualdade de direitos previstos na constituição brasileira.