A produção de cacau na Costa do Marfim enfrenta uma das piores quedas das últimas décadas, com estimativas apontando para uma redução de 40% na colheita desta temporada. Exportadores e contadores de vagens alertam que uma seca excepcionalmente prolongada, aliada a chuvas escassas e irregulares, comprometeu significativamente as safras nas principais regiões produtoras do país africano.
A colheita intermediária, que ocorre entre 1º de abril e 30 de setembro, deve registrar um volume entre 280.000 e 300.000 toneladas métricas de cacau, um número drasticamente inferior à produção do ano passado, quando o país colheu 500.000 toneladas, segundo dados do Conselho de Café e Cacau (CCC). Historicamente, a Costa do Marfim mantinha uma média anual de 550.000 toneladas na última década.
Impactos da Seca Prolongada
De acordo com agricultores locais, a irregularidade das chuvas comprometeu tanto a quantidade quanto a qualidade dos grãos, tornando a safra atual uma das mais problemáticas já registradas. “O que causou essa queda significativa na produção é o longo período de seca desde novembro até agora. É incomum e as consequências são catastróficas”, afirmou um exportador.
Outro fator preocupante é o atraso na chegada dos grãos aos portos do país. Normalmente, a safra intermediária deveria estar bem desenvolvida desde novembro ou dezembro. No entanto, apenas agora as flores e pequenas vagens (conhecidas como cherelles) estão começando a aparecer, e em quantidade reduzida.
“Teremos que ser pacientes e esperar a partir de junho para ver a atividade realmente decolar”, alertou um exportador da cidade portuária de San Pedro. Em Abidjan, a situação é semelhante, com algumas fazendas relatando a presença de apenas uma ou duas vagens prontas para a colheita.
Consequências para o Mercado de Cacau
A seca prolongada também afeta o tempo necessário para que as vagens se desenvolvam completamente. Como as flores de cacau levam cerca de 22 semanas para atingirem a maturidade, o atraso pode comprometer ainda mais a oferta de grãos no mercado global, pressionando os preços e gerando preocupação entre os compradores e investidores.
A crise na produção marfinense pode ter impacto direto na indústria global do chocolate, uma vez que a Costa do Marfim é o maior produtor mundial de cacau. Especialistas do setor alertam que, caso o clima não melhore nos próximos meses, os efeitos da escassez poderão ser sentidos em toda a cadeia de suprimentos, desde os agricultores locais até os consumidores finais.
Fonte: mercadodocacu com informações reuters