Fornecimento de dados a farmácias vira prática comum na busca com descontos, mas valor reduzido é “fictício”



Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil


Da Redação

Farmácias de todo o Brasil já vem adotando, há algum tempo, a estratégia de exigir o CPF de seus clientes para formar o histórico individual de cada um.

O mapeamento das compras revela dados de saúde e comportamento sexual dos pacientes, os mais protegidos pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Os clientes, por sua vez, são atraídos por descontos, na hora de fornecer os seus dados em farmácias, mas, conforme apuração do podcast UOL Prime, feita pela jornalista Amanda Rossi, a redução de valor é fictícia. “O preço real é o preço que você paga já depois do desconto”, explica a repórter.

“É tudo ou nada. Se você não dá seu CPF, vai pagar muito mais num item de extrema necessidade”, acrescentou. Ou seja, o fornecimento de dados nos estabelecimentos é opcional, mas a recusa pode gerar prejuízos financeiros.

Em fevereiro, a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) instaurou processo de sanção contra a RaiaDrogasil, pioneira no uso do histórico de compras para vender anúncios, como revelou uma reportagem também do UOL.

O órgão, ligado ao Ministério da Justiça, viu indícios de que a RaiaDrogasil realiza “perfilização comportamental a partir de dados pessoais sensíveis, sem o devido amparo legal, a fim de ofertar publicidade direcionada com contrapartida financeira”.

A RaiaDrogasil afirma que 97% de suas vendas são identificadas com o CPF. Isso permitiu o armazenamento do histórico de compras de 50 milhões de pessoas -cerca de um em cada quatro brasileiros.
Postagem Anterior Próxima Postagem

Leia o texto em voz alta: